sábado
 
Feliz tudo de novo.

(Cláudio Rúbio)

Feliz Ano Novo! Como disse a Rosana Hermann, lá no Blônicas, "se você tiver alguma coisa para decidir em 2006, aproveite para incluir esses dois conselhos: conforme-se e aceite. Ao parar de lutar contra o inevitável e repudiar o óbvio, você economizará energia para poder fazer o que realmente vale: viver a sua vida".

Pois é isso mesmo. Descatracalizemos a vida. Simplifiquemos. Desarmemos os espíritos. Demos férias ao ego. Vivamos sem entraves, sem medos, sem o peso das verdades preconcebidas. Que nossas experiências sejam mais do que um conjunto de regras e padrões que se impõem duros como paredes, mas sim os sinais móveis desse nosso contínuo processo de aprendizagem.

Movimentemos-nos mais, dancemos, flutuemos, troquemos de posição, arrisquemos-nos: enchamos nossas vidas com a segurança da felicidade e não dispensemos a adrenalina de realizar as descobertas que assegurarão o nosso Progresso.

Desejo a todos as mais bonitas e melhores vibrações criativas possíveis.

Vivamos em Paz.

Beijos e abraços!

postado por Cláudio Rúbio
 
domingo
 
A democracia não tem dispensa.

(Cláudio Rúbio)

Cracia significa poder, autoridade. Demo, por sua vez, pode ser o povo ou o diabo. Numa democracia, se o povo não toma conta do poder, não exerce sua autoridade, adivinha quem o faz.

Sem o cidadão, a democracia não acontece. É feito faca: cura, fere, mata, não faz nada - dependendo de quem a empunhe; sem indivíduo-cidadão sujeito à democracia, ela pode ser nociva ou inócua como a ditadura de um fantasma, o despotismo da mula-sem-cabeça.

Quem pensa que voto basta, tal qual quem pensa que voto não serve para nada, come da banda podre, não presta para a construção de uma sociedade justa.

Justiça se promove com escolhas firmes, ação e vigilância. O exercício da liberdade de não escolher - seja omissão, seja alienação -, não é uma posição política; é só a expressão do individualismo, manifestação legítima de pessoa parasita que não se importa - ou não quer se importar - com a sociedade em que se insere e da qual se aproveita como pode, ou como quer.

Cidadão democrata manifesta-se, revela suas idéias, expressa vontades, assume responsabilidades, "enche o saco"; não se esconde, não espera que alguém resolva, não deixa para lá, não se esquiva, não se exime.

Democracia não tem dispensa. Cidadania não tem folga. A voz do cidadão é sua alma.

postado por Cláudio Rúbio
 
quinta-feira
 
A dor vinis crescendo..

(Eliane Stoducto)


Não sei o que me atacou... Provavelmente ter ouvido a mp3 do Márcio Proença, meu velho parceiro, achada na web. Feliz o tempo? Ou então nostalgia da mais simples e honesta boemia. Quem sabe o excesso de reclusão que, geralmente, transo numa boa e até me dá prazer, se transformou? Ou então a memória da pele - e do fígado - de um uísque nostálgico?
Não sei... Sabe-se lá o quê... Mas a saudade de antigas boemias bateu... Saudade de uma época em que eu era dona do meu nariz em que podia sair e voltar com o dia alto... Ou não voltar. "uísque, dietil, dienpax..."

Pessoas boêmias e com inequívoca vocação para a solidão, com sentimentos ambíguos, duais, pertencentes ao sexo feminino, não deveriam ter filhos. Ou deveriam?
O Poema enjoadinho do poetinha

"Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!"
Mas se não os temos
Como sabê-los? Como sabê-los?

é muito bom para poetas diplomatas do sexo masculino com grana no bolso e mulheres. Mulheres em profusão. Dedicadas, apaixonadas e maternais para cuidar deles, dos filhos deles, trocar as fraldas e comprar e agendar bananas e legumes para a papinha, enquanto o poeta enxuga umazinha, toma uma caipirinha e come uma feijoada com gostosa farofinha. E sofre, e cogita, e filosofa. E pode dar-se ao luxo da ressaca. E internar-se quando a coisa toda empaca.

Não há poesia numa fralda de cocô palpável e olfatável esperando no tanque. Não há poesia no ensaboar em si, apenas nas palavras e no olho do poeta.
"foi, quem sabe, esse disco, esse risco de sombra em teus cílios, foi ou não, meu poema no chão, ou talvez, nossos filhos"

vinilMas... tirante os filhos que aborrecem, adolescem, nos enlouquecem e controlam, tirando-nos a paz e o prumo e que, provavelmente, depois se vão para o quase nunca mais (quando, meu deus, quando???? que seja já!) sinto uma angústia prosaica.

Uma angústia de não poder ouvir mais meus vinis... tenho muitos vinis mas o raio do meu som só toca CDs. Toca três CDs e nenhum vinil! Vinis de amigos, vinis com dedicatórias, vinis com minhas letras, música de amigos...

Vinis que me transportam no tempo, nas pessoas, nos afetos, nas minhas milhões de facetas interiores, e que jazem nas prateleiras do teto... Daqueles, que nunca vão ter regravações em CDs porque são raros, desconhecidos, de amigos, vinis de colecionador.
Que lástima... Estou velha, arcaica, senil como o vinil dos nossos embalos de sábado e sexta-feira à noite...
O vinil que contava nossas histórias pessoais e passionais, com a faixa arranhada e gasta - quase furada - de tanto ouvir quando se chegava em casa de porre depois de ter perdido o suposto grande amor... Aquele, do qual conhecíamos os arranhões e cicatrizes, se foram... E hoje eu choro a perda dos velhos vinis com suas heranças, histórias e legados febris.



postado por li stoducto
 
terça-feira
 


rescaldo


(Adair Carvalhais Jr.)


afasta-te dos meus
escombros cuidado com os
cacos e as
brasas espalhadas mantenha uma


distância segura ainda
há pedras se desprendendo meu
teto permanece
instável


dispenso 193 o
fogo que você ateou eu
mesmo
apago


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postado por li stoducto
em seu novo blog "em desalinho"
(viu adriana?) :)

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sábado
 
Faça um Diário!
Giorgia Sena Martins

Diário parece coisa de adolescente. Mas não é. Diário, na verdade, é uma ferramenta muito útil em praticamente todos os aspectos da vida. Escrever diariamente sobre um determinado aspecto da vida permite maior consciência e clareza sobre ele.

Para emagrecer, por exemplo, é extremamente útil fazer um diário daquilo que se come. Ou seja, registrar o que se comeu no café da manhã, entre as refeições, no almoço, no lanche, no jantar. Não se trata de fazer grandes digressões a respeito do assunto ou filosofar sobre ele: basta anotar o tipo de comida e a quantidade. Mesmo quando
a alimentação está muito desregrada, completamente compulsiva, manter um diário permite perceber isso e refrear o processo. Anotar traz luz sobre o assunto. Ao dar-se conta do comer desenfreado, a consciência entra em ação e permite a mudança. Além disso, os maiores especialistas em emagrecimento atestam que o diário alimentar acelera incrivelmente a redução do peso.

Outro exemplo: dinheiro. A maioria das pessoas que têm problemas sérios de dinheiro o tem por falta de consciência sobre seus ganhos e gastos. Normalmente, fazem muitas contas sem perceber que o orçamento está já comprometido. Isso se resolve, também, com um diário. Aquelas pessoas que têm o hábito sistemático de anotar tudo o que gastam conseguem gerenciar perfeitamente o seu orçamento, muitas vezes com sobras para investir. Aqueles que anotam tudo percebem que grande parte do dinheiro escoa em bobagens, coisas realmente supérfluas e desnecessárias. Além disso, manter um diário dos gastos permite notar onde se está gastando mais, qual o ponto chave, fulcral, do problema financeiro, o que pode ser reduzido. A palavra é uma só: consciência.
O diário permite que se tenha consciência dos gastos.

O diário também se aplica em relação às emoções. Talvez essa seja, realmente, a sua aplicação mais importante, de maior utilidade.Escrever é uma forma de contato direto com a psique. Muitos psicólogos recomendam que seus clientes mantenham um diário, escrevam ali seus sentimentos, emoções, sonhos, problemas, tudo enfim. Escrevendo,
podemos ver melhor, sistematizar as coisas, saber o que se passa lá dentro, bem no fundo. Saímos um pouco do piloto automático e ganhamos algum controle sobre a vida. Podemos descobrir o que nos faz feliz e o que nos faz triste. Podemos organizar idéias, sentimentos, cabeça e coração.

Quando escrevemos um diário, não precisamos convencer ninguém. Podemos ser absolutamente sinceros conosco mesmos. Podemos ver as coisas de um modo imparcial, podemos assumir nossos erros, podemos mergulhar em profundidade no problema. E ninguém precisa ler. O diário é pessoal, exclusivo. Depois de escrever, podemos até rasgar, queimar ou jogar fora nossos escritos. Eles já cumpriram seu papel. É o ato de escrever que faz toda a diferença! Se quiser guardar, também pode, é claro!

Muitas vezes, no meio de uma situação turbulenta, o fato de escrever o que estamos sentindo traz a solução do problema. Escrever ajuda a clarificar e a entender. Também ajuda a aliviar. E o papel é um excelente "ouvinte": não interrompe, não critica, não dá palpites, não se distrai, é absolutamente confiável... É um amigo íntimo sempre
presente e pronto para ajudar.

Importante: não precisamos nos preocupar com a forma, com a gramática, com a letra, com a coerência ou com o conteúdo do que estamos escrevendo. Basta que escrevamos! De qualquer jeito, em qualquer lugar. Nosso diário não precisa ser uma obra literária, nem mesmo um texto bem feito. Basta que ele nos ajude a extravasar o que sentimos e
pensamos. O diário é algo nosso, só nosso. Absolutamente livre de regras, de forma, de amarras.

Mesmo sabendo disso tudo e tendo comprovado, na minha vida, a utilidade de se fazer um diário, muitas vezes não o faço. Por quê? Para fugir de coisas que eu não quero perceber! Fazendo vista grossa, acredito que os problemas possam desaparecer. Mas eles não desaparecem. Pelo contrário. Quando tento colocar a sujeira para
debaixo do tapete, ela só aumenta. Os problemas se avultam e se agravam. Fugir deles é sempre o pior caminho. Enfrentá-los nos faz mais fortes.

Essa é uma daquelas coisas simples, óbvias, fáceis, gratuitas (não dá para dar a desculpa: ah, não tenho dinheiro pra isso!) e que podem melhorar muito a vida. Mas que nós, mesmo sabendo, relutamos emfazer. Minha proposta, hoje, é para que você experimente fazer um diário. Pode ser um diário alimentar. Pode ser um diário dos seus gastos. Pode ser um diário do coração. Você pode escrever sobre o seu trabalho, sobre o seu casamento, sobre a sua família. Qualquer coisa. Mas escreva! E faça isso sistematicamente, diariamente. Experimente. Não fique só na vontade. Faça. E você verá que a tomada de consciência acerca de qualquer aspecto da vida faz toda a diferença!