| - - C O N N E X U S - - |
(
Com * imagem e texto enviados por Alan Gullo )
:
" AO ESPELHO"
(
Rubem Braga )
Tu, que não foste belo nem perfeito,
Ora te vejo (e tu me vês) com tédio
E vã melancolia, contrafeito,
Como a um condenado sem remédio.
Evitas meu olhar inquiridor
Fugindo, aos meus dois olhos vermelhos,
Porque já te falece algum valor
Para enfrentar o tédio dos espelhos.
Ontem bebeste em demasia, certo,
Mas não foi, convenhamos, a primeira
Nem a milésima vez que hás bebido.
Volta portanto a cara, vê de perto
A cara, tua cara verdadeira,
Oh Braga envelhecido, envilecido.
* [ Arte : Francis Bacon ] .
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TAMBÉM AMÁLGAMA
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Belchior, Almodóvar e Jobim
"
Uma manhã que me acalma a alma. Onde nada se enxerga além de poucos metros.
No apartamento, oitavo andar, abro a vidraça mas não grito quando um carro passa.
Teu infinito sou eu, já disse Belchior. Na letra a se confundir com a inefável paisagem.
Só, eu busco você em todos os desencontros calados de minha mente. Mas é em vão . "
(
Emerson - '
Anomia ' . Em 5 de Junho de 2003 ) .
. . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . .
Citado por
Ane Walker :
O Cacto
Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária:
Laocoonte constrangido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados.
Evocava também o seco nordeste, carnaubais, caatingas...
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.
Um dia um tufão forimbundo abateu-o pela raiz.
O cacto tombou atravessando a rua,
Quebrou os beirais do casario fronteiro,
Impediu o trânsito de bondes, automóveis, carroças,
Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas privou a cidade de iluminação e energia:
- Era belo, áspero, intratável.
Petrópolis, 1925.
Manuel Bandeira – Libertinagem . In : Estrela da Vida Inteira . 2 ª edição - 1993. Editora Nova Fronteira .
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