sábado
 
Faça um Diário!
Giorgia Sena Martins

Diário parece coisa de adolescente. Mas não é. Diário, na verdade, é uma ferramenta muito útil em praticamente todos os aspectos da vida. Escrever diariamente sobre um determinado aspecto da vida permite maior consciência e clareza sobre ele.

Para emagrecer, por exemplo, é extremamente útil fazer um diário daquilo que se come. Ou seja, registrar o que se comeu no café da manhã, entre as refeições, no almoço, no lanche, no jantar. Não se trata de fazer grandes digressões a respeito do assunto ou filosofar sobre ele: basta anotar o tipo de comida e a quantidade. Mesmo quando
a alimentação está muito desregrada, completamente compulsiva, manter um diário permite perceber isso e refrear o processo. Anotar traz luz sobre o assunto. Ao dar-se conta do comer desenfreado, a consciência entra em ação e permite a mudança. Além disso, os maiores especialistas em emagrecimento atestam que o diário alimentar acelera incrivelmente a redução do peso.

Outro exemplo: dinheiro. A maioria das pessoas que têm problemas sérios de dinheiro o tem por falta de consciência sobre seus ganhos e gastos. Normalmente, fazem muitas contas sem perceber que o orçamento está já comprometido. Isso se resolve, também, com um diário. Aquelas pessoas que têm o hábito sistemático de anotar tudo o que gastam conseguem gerenciar perfeitamente o seu orçamento, muitas vezes com sobras para investir. Aqueles que anotam tudo percebem que grande parte do dinheiro escoa em bobagens, coisas realmente supérfluas e desnecessárias. Além disso, manter um diário dos gastos permite notar onde se está gastando mais, qual o ponto chave, fulcral, do problema financeiro, o que pode ser reduzido. A palavra é uma só: consciência.
O diário permite que se tenha consciência dos gastos.

O diário também se aplica em relação às emoções. Talvez essa seja, realmente, a sua aplicação mais importante, de maior utilidade.Escrever é uma forma de contato direto com a psique. Muitos psicólogos recomendam que seus clientes mantenham um diário, escrevam ali seus sentimentos, emoções, sonhos, problemas, tudo enfim. Escrevendo,
podemos ver melhor, sistematizar as coisas, saber o que se passa lá dentro, bem no fundo. Saímos um pouco do piloto automático e ganhamos algum controle sobre a vida. Podemos descobrir o que nos faz feliz e o que nos faz triste. Podemos organizar idéias, sentimentos, cabeça e coração.

Quando escrevemos um diário, não precisamos convencer ninguém. Podemos ser absolutamente sinceros conosco mesmos. Podemos ver as coisas de um modo imparcial, podemos assumir nossos erros, podemos mergulhar em profundidade no problema. E ninguém precisa ler. O diário é pessoal, exclusivo. Depois de escrever, podemos até rasgar, queimar ou jogar fora nossos escritos. Eles já cumpriram seu papel. É o ato de escrever que faz toda a diferença! Se quiser guardar, também pode, é claro!

Muitas vezes, no meio de uma situação turbulenta, o fato de escrever o que estamos sentindo traz a solução do problema. Escrever ajuda a clarificar e a entender. Também ajuda a aliviar. E o papel é um excelente "ouvinte": não interrompe, não critica, não dá palpites, não se distrai, é absolutamente confiável... É um amigo íntimo sempre
presente e pronto para ajudar.

Importante: não precisamos nos preocupar com a forma, com a gramática, com a letra, com a coerência ou com o conteúdo do que estamos escrevendo. Basta que escrevamos! De qualquer jeito, em qualquer lugar. Nosso diário não precisa ser uma obra literária, nem mesmo um texto bem feito. Basta que ele nos ajude a extravasar o que sentimos e
pensamos. O diário é algo nosso, só nosso. Absolutamente livre de regras, de forma, de amarras.

Mesmo sabendo disso tudo e tendo comprovado, na minha vida, a utilidade de se fazer um diário, muitas vezes não o faço. Por quê? Para fugir de coisas que eu não quero perceber! Fazendo vista grossa, acredito que os problemas possam desaparecer. Mas eles não desaparecem. Pelo contrário. Quando tento colocar a sujeira para
debaixo do tapete, ela só aumenta. Os problemas se avultam e se agravam. Fugir deles é sempre o pior caminho. Enfrentá-los nos faz mais fortes.

Essa é uma daquelas coisas simples, óbvias, fáceis, gratuitas (não dá para dar a desculpa: ah, não tenho dinheiro pra isso!) e que podem melhorar muito a vida. Mas que nós, mesmo sabendo, relutamos emfazer. Minha proposta, hoje, é para que você experimente fazer um diário. Pode ser um diário alimentar. Pode ser um diário dos seus gastos. Pode ser um diário do coração. Você pode escrever sobre o seu trabalho, sobre o seu casamento, sobre a sua família. Qualquer coisa. Mas escreva! E faça isso sistematicamente, diariamente. Experimente. Não fique só na vontade. Faça. E você verá que a tomada de consciência acerca de qualquer aspecto da vida faz toda a diferença!
 
 
Moda? Tô Fora!
Giorgia Sena

Moda. Taí uma coisa que eu não gosto. Definitivamente. Acho um absurdo que alguém diga que cor eu devo vestir numa deteriminada estação, por exemplo. Eu uso a cor que me aprouver, de acordo com o meu estado de espírito e meu gosto pessoal. Por que eu tenho de usar rosinha-bebê ou azul piscina ou verde limão? Só porque os donos da milionária indústria da moda decidiram assim? Pra estar bem, tenho de consumir? Por quê? E consumir o que eu não gosto ou não quero? Isso não faz o meror sentido para mim. Eu evito as cores da moda. É uma questão de honra. Respeito quem gosta, mas acho o fim da picada, o máximo da cafonice.

Ontem, pensando nesse assunto, ensaiei uma autocrítica. Pensei: será que essa minha birra com a moda não se deve a um recalque? Eu nunca estive 100% de bem com a balança. Já tive épocas melhores e piores (ano passado foi uma das piores de todos os tempos), mas nunca fiz as pazes em definitivo com balança. Não seria essa a razão? Tentei me convencer disso, mas vi que não. Não mesmo.

Por que não? Porque bijuteria, por exemplo, não tem nada a ver com a balança. Não tem bijuteria P, M, G... Nem sapato. Nem as cores. Nem os relógios. Nem as bolsas, cintos, corte de cabelo ou maquiagem.

Olha que eu já tentei. Tentei comprar acessórios da moda, por insistência das minhas irmãs. Não usei. Aposentei. Já tentei sapatinhos modernosos, porque a minha mãe lamentava o meu conservadorismo. Não deu. Eu sempre voltava pros meus clássicos scarpins, salto alto, bico fino... Já tentei roupinhas da estação pra agradar a família. Ficaram anos no armário, algumas sem nunca ter sido usadas.

Não adianta. Não engulo essa de andar na moda. Não vou usar o que não me agrada. Não vou andar de saia balonée porque alguém no Olimpo assim decidiu. Não preciso que pensem por mim.

Minha mãe e minhas irmãs sentem-se felicíssimas em usar o que está nas vitrines. Adoram moda, informam-se, sabem de tudo o que está rolando no momento. Comprar roupas, pra elas, é puro deleite. Roupas, não, tudo: roupas, sapatos, acessórios. E, insisto: tem de ser da "última moda". E eu vou na contra-mão: prefiro tons cáqui, azul, bege, marrom, preto. Gosto de vestidos. Longos, de preferência (não só de festa, mas os do dia-a-dia mesmo). Gosto de tailleurs, de saias e de saltos. Gosto de risca-de-giz. Gosto de coisas simples, discretas e que me caiam bem. Não gosto de nenhuma etiqueta pra fora da roupa. Gosto de bijuterias simples. Não preciso me desfazer de nada de um ano pro outro porque o que eu uso não entra nem sai de moda. Uso enquanto eu gostar. Se os outros não gostarem, paciência. Sinto muito.

Quer saber mesmo? Minha caretice está escrita nas estrelas: tenho vênus em capricórnio.