2 º Motivo da Rosa
(
Mário Faustino )
A rosa adormecida sonha sonha e sonha
por que surgiu a rósea rosa sonhando sonhando ?
Veio para que o poema nascesse como suas pétalas sensíveis : intocável e úmido de orvalho
Veio para que ficasse a sonolenta imagem
de qualquer coisa livre livre livre
voluntariamente presa a um caule
apenas para uma noite de sono .
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Esparsos e inéditos ( 1948-1962 ) , pág. 243 .
In : "
Mário Faustino : O Homem e sua Hora - e Outros Poemas" . Pesquisa e organiz. : Maria Eugenia Boaventura . 1 ª Edição : 2002 .
Cia. das Letras .
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Colectado e publicado por Adriana Paiva
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Chamaram, eu vim, que tenho vocação pra arroz de festa.
Vou chegando atrasada, com licença, boa noite, boa tarde, bom dia.
Aqui e ali reconheço amigos.
Respiro aliviada, posso relaxar um pouco.
Mas ainda vou ficar quietinha um tanto, só para saber qual é o assunto.
E, por enquanto, é só.
(
Carla Cintia Conteiro ) .
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- Qual é a sua graça ?
Ela me respondeu :
- Ser mulher
( Por
Alberto Lyra )
Só a mulher tem graça . O homem pode ser gozado , cômico , divertido , burlesco e até ridículo , mas só mulher é engraçada.
Das poucas - duas - orações que me lembro da minha infância religiosa e praticante , uma delas é Ave Maria cheia de... graça.
As grandes atrizes cômicas do cinema eram cheias de graça .
Por exemplo ,
Lucille Ball , que acabou na televisão , mas , com muita graça.
E
Marilyn Monroe , mulher de três
gês: gra... gos... gen...
Engraçado é que no Brasil , como acontece nos outros gêneros dramáticos/cômicos , tivemos poucas atrizes com genuína graça feminina.
Sei que vocês vão discordar , mas [
continua ... ]
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Enviado para publicação, por
Aly .
Originalmente publicado in
Letteri Café.
(9 de junho de 2003)
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Xadrez inútil
(eliane stoducto)
Jogar xadrez
beber na chávena
o chá da Índia
feito burguês
Fumar charutos
Jogar xadrez
comer rainhas
com avidez
E antever
e maquinar
a estratégia
Abstrair
e descartar
qualquer
tragédia
Ser rei total
e absoluto
mas só ganhar
na superfície
do tabuleiro
Ser jogador
e leviano
ser incapaz
de mergulhar.
Amar ligeiro
é não amar...
postado por
Li
. . . . .
margarida, preservando os sonhos...
P A I X A
(
Analu )
Vê a silhueta recortada a esgueirar-se pelos cantos.
Rápida como a flecha, perfaz o trajeto contrário à vontade dele.
Purpurina negra, seus cabelos caem na derme alva,
enquanto os olhos cintilam na penumbra.
Acende seus sentidos e sopra brasa, manchando
de tinta vermelha as paredes claras.
Tira o lacre que o separa da ardência, liberando o que possui de mais natural e verdadeiro. O homem é salvo.
Hoje, eles se encontraram realmente.
Ela circulou pela casa e aproveitou o silêncio do crepúsculo.
Seduziu-o com os movimentos lânguidos de seu dorso nu,
correndo os dedos esguios pela pele macia, enquanto o mirava com olhos de fome.
Ainda assim ele retirou-se, deixando-a num sótão vazio:
Fechou as páginas e abandonou o livro na cabeceira.
In :
" Lemniscata " . Foto : Edouard Boubat / Paris , 1947 .
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O Monstro
Luiz Tatit
Era um monstro filho de uma monstra, desses grandes
Deformado mas até que bonitinho como monstro
É que pra gente, pra gente os padrões são outros
Tinha muito pêlo pelo corpo,
umas manchas esverdeadas
Uns caroços, uns buracos
Mas também o que você pode esperar de um monstro
Muita sensibilidade, isso que importa
Criativo, um devorador de livros de estória
Não gostava de princesa, achava todas horrorosas
Em compensação com os monstros, como se identificava
Então sua mãe selecionava: monstro pra cá, princesa pra lá
E ele achava uma beleza as estórias só de monstros
Mas se pintava uma princesa: - "Ai mamãe que medo!
Tire essa princesa.
Ela deve ter um dente, mãe! Tira!"
Vocês vêem que é um monstro tipo mariquinhas pelo jeito
Mas na verdade é a super proteção da mamãe monstra
É que no fundo, no fundo ele bem que gosta:- "Ai mamãe...
Que medo!
Tire essa princesa.
Ela deve ter um dente, mãe! Tira!"
http://www.mpbnet.com.br/musicos/luiz.tatit/letras/o_monstro.htm
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Enviado por
Cláudio Rúbio
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